EDUCAR É VIAJAR NO MUNDO DO OUTRO SEM NUNCA PENETRAR NELE. É USAR O QUE PENSAMOS PARA TRANSFORMAR O QUE SOMOS. AUGUSTO CURY

HISTÓRIAS DE VIDA E EDUCAÇÃO


Neste breve relato mostraremos um pouco de nossa história como educadoras, através de quatro gerações buscam-se anseios de construir um futuro atraves da educação, do sonho a realidade e a motivação de nossa família nessa linda caminhada!
Neste contexto sociocultural perpassam gerações que refletem sua cultura nos mais diversos modos de pensar e de agir. É nesta realidade que estão inseridos indivíduos que ao longo dos anos constróem  sua história deixando de lembranças a riqueza de uma cultura que vem da busca da realização e do crescimento individual e coletivo da humanidade.
Entre estes aspectos, constatam-se fatores que nos fazem voltar ao tempo e querer desvendar caminhos que estão gravados no tempo, na memória, em fotografias registrados em pequenos escritos que naquele tempo eram feitos com canetas de pena e papel que hoje se tornou amarelado.
A riqueza maior de uma geração que não foi esquecida e que ainda sobrevive na história contadas pelos mais velhos aos mais jovens.
Os costumes ainda permaneceram e uma família de educadores mostrou-se capaz de permanecer por quatro gerações com um simples desejo em mente, que era a grande vontade de ensinar e em seus objetivos numa realidade que a cada passar de ano foi se transformando, pode-se hoje, perceber o grande valor e a grande preocupação do ato de ensinar.
Naquele tempo,
De grandes dificuldades
Onde tudo era fruto da
Terra, sem ter encontro
Com a modernidade;
Surgiam das verdes colinas,
Perto dos ribeirões
Agricultores que produziam de tudo,
E que nas suas culturas de subsistência,
A grande preocupação
Era não deixar faltar
Em casa o alimento
Para seus filhos, e um
Pedacinho de terra para comprar.
As famílias eram unidas
Sete ou oito, em cada uma delas;
Às vezes mais, às vezes menos,
Mas todos indo para a roça juntos,
Sentados para a refeição
Todos em silêncio,
E o respeito ao mais velhos,
Era sem dúvida a grande lição.
Lá de vez em quando
Iam para a cidade,
Mas na mais real felicidade
Era ficar no interior
Batalhar pelo sustento
Sem deixar padecer
Seus pequeninos no mais cruel dos lamentos.
A educação começava em casa
Pai e Mãe a maior das autoridades.
Ali existia respeito de verdade.
De vez em quando o homem,
Mais rico, chamado de doutor
Comprava o que sobrava da produção
E então o lucro era gasto no mercado,
No que a terra não dava, não senhor, ...

Em 27 de outubro de 1902, nasceu no município de Soledade, Ernesto Capitulino Vieira, filho de agricultores, família humilde. Cresceu neste município, trabalhando na roça e com muita vontade de estudar, porém, por causa de certas dificuldades permaneceu quatro meses na aula, o que nunca o impediu de por conta própria estar sempre em contato com livros e cadernos, buscando seu conhecimento através da experiência.
Jovem rapaz, conheceu Donatila, moça daquela região, família conhecida e com uma condição financeira favorável, a qual namorou por algum tempo, vindo a casar-se em 0 de maio de 1924. Donatila Lisboa Schneider, nasceu em 29 de julho de 1902, filha de fortes agricultores, Antônio Domingues Lisboa e Viturina Schneider, os quais não queriam que ela se casasse com Capitulino por ser de família humilde.
Donatila sempre trabalhou na roça e em casa cuidando dos filhos e fazendo frente das jornadas de trabalho, era costureira, fazia tricô, crochê, doces e quitandas para vender, levava suas mercadorias à cavalo, montada sob um selim, se dedicando aos negócios, procurando preservar o seu patrimônio.
Capitulino e Donatila tiveram seis filhos, Nestor Quedes, Assis Leão, Osmilda, Terezinha Nevolanda e Terezinha Nilzalina(gêmeas) e Hilda, além de mais seis filhos  adotivos que criaram: Terezinha Linhares, Varonil de Araújo, Emília Bólico, Vilim Kremer, Daniel da Silva e Romilda Nascimento.
Donatila sempre incentivou seu esposo em ensinar e a dedicar-se a educação, fazendo parte da construção da escola, dando hospedagem aos professores que vinham lecionar, ocorrendo isso por muitos anos.
Capitulino sempre preocupou-se com a educação, era autodidata*, ensinava os filhos e lecionava em sua casa. Seus métodos eram baseados na sua experiência e com poucos requícios tradicionais, pois ao mesmo tempo com contradição, ensinava Português, Matemática e História, sua predileta, envolvendo e fazendo com que fossem coisas úteis para suas vidas. Sabia ensinar e ensinava com gosto. Ao mesmo tempo que lecionava, não abandonava suas roças.
Com o aumento dos alunos, sentiu a necessidades de construir um lugar apropriado para os alunos terem aulas, participando assim da construção da Escola Municipal Aurélio Vieira Sampaio no 5º Distrito de Jacuizinho, localidade de Rincão do Caixão(hoje Bela Vista), no município de Soledade.
A escola foi construída em março de 1950 e o primeiro professor a lecionar, vindo de outro Estado, (Bahia, foi Elísio Ferreira dos Santos, que lecionou por alguns anos. Depois dele vieram muitos outros professores, lecionando para alunos do 1º ao 5º ano, em uma média de 50 a 90 alunos por ano.
Mais tarde, seguindo a profissão do pai, sua filha mais nova Terezinha Nilzalina Vieira, nascida em 05 de agosto de 1938, já freqüentava a escola aos cinco anos, antes mesmo de ser construída, aprendeu a ler e escrever com métodos tradicionais, escrevendo numa lousa, tendo que todos os dias na aula ter que copiar, decorar e apagar. Aprendeu primeiro as vogais, depois as consoantes, formando pequenas palavras como “feio, mãe, pai e outras.” Estudou até o 5º ano.
Aos 15 anos começou a lecionar, atendendo 45 alunos e elaborava suas aulas a partir de livros que eram chamados de Programas Experimentais, elaborados pelo Centro de Pesquisa e Orientação Educacional da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.
Sua principal preocupação era ensinar Português, Matemática, interessando-se pelo aprendizado dos alunos, pois, na sua concepção, era fundamental ensinar a ler, escrever e fazer contas.
Casou-se aos 18 anos com Isaque Ribeiro, teve dois filhos e além de ser professora foi comerciante, exercendo esta profissão até hoje. contribuiu na comunidade de Bela Vista, doando terrenos para a construção da Escola Aurélio Vieira Sampaio, da Igreja Santo Antão, onde participou e participa ativamente da diretoria e o Pavilhão Comunitário, formando assim a comunidade de Bela Vista, hoje distrito do município de Jacuizinho.
Esta região passou por quatro emancipações. Primeiro pelo município de Soledade, depois Espumoso, mais tarde Salto do Jacuí e hoje Jacuizinho.Nestas duas gerações e professores, percebe-se que por mais força de vontade que tinham para fazer seus planejamentos conforme a realidade do lugar, a cultura e a experiência das pessoas, precisavam seguir ordens e eram supervisionadas pela Secretaria Estadual de Educação de Porto Alegre, onde ficava bem claro o posicionamento de uma Educação resultante de decisões vindas de forma horizontal, ou seja, que eram programadas a nível de Estado e deviam ser seguidas por todos os municípios sem interessar por seus aspectos sócio-político-econômico.Terezinha N.V. Ribeiro,  casou-se com Isaque Ribeiro e teve dois filhos: Fátima Jussara Ribeiro e Carlos Celso Ribeiro.
Sua filha casou-se com Randal Tatsch Fiuza no ano de 1978, e 1979 teve sua primeira filha Cristiane R. Fiuza e em 1983 a segunda Adriana R Fiuza, com o passar do tempo e a necessidade de ter uma instituição de ensino perto de sua casa para que suas filhas e moradores vizinhos pudessem freqüentar a escola, foi criado a Escola Municipal Pedro Fiuza(levou este nome em homenagem ao avô de Randal, o qual morou durante toda a sua vida nesta região e era dono de uma grande área de terras da mesma) onde lecionou por 12 anos, com turmas multiseriadas, da 1ª a 4ª série, a qual no início foi um pouco difícil de conduzir devido a falta de experiência, mas o que que a fazia cada vez mais ter sucesso na profissão era o gosto por ensinar, pois, não contentava-se ao ver quando seus alunos não aprendiam, experimentava diversos métodos com que eles entendessem de uma forma clara e objetiva, pois para ela o importante era que a cada final de um dia de aula, eles saíssem compreendendo a realidade e tudo que aprendiam que lhes servisse no dia-a-dia e não sentissem nenhuma dificuldade em resolverem questões, às vezes muito simples, que lhes eram apresentadas.
Ela conta, que as aulas durante o primário, eram através de cartilhas, lembra-se que a primeira que estudou chamava-se “Cartilha do Guri”, a qual todos os dias tinham o mesmo tema de casa que era a “Élida e o Olavo”, onde deveriam decorar as letras a partir dos desenhos, contidos na mesma. Seus professores eram totalmente autoritários e desvinculados da realidade, devido a falta de formação, pois alguns tinham apenas o 3º ano.
Após o primário foi estudar na Escola Municipal João Ferrari, no Município de Campos Borges, onde todo o processo de ensino deu-se através de professores com o Curso Normal e raramente, alguns com um Curso Superior. Todos os alunos sofriam muito, pois não podiam participar das aulas, sentiam-se fechados como se fosse um “presídio”, sem poder optar e nem agir livremente, com medo de serem castigados. Pois, o que tornava aquele ambiente tão frustrante, eram as ordens dadas pela direção, conforme sua concepção, em que professores, alunos e funcionários não deveriam fugir das regras já impostas.
Hoje, Fátima Jussara, nota que só aprendeu por sua força de vontade, pois tudo lhe era passado de uma maneira errada, tradicional em todos os sentidos, seguindo sempre uma mesma postura.
Mais tarde, com 15 anos foi convidada a lecionar para uma turma de 10 alunos na Educação de Jovens e Adultos(MOBRAL), a qual trabalhou por um ano, utilizando livros com temas geradores e métodos construtivistas, os quais todos conseguiam a aprender, pois o objetivo era ler, escrever e fazer cálculos com as quatro operações. Foi a partir daí que surgiu sua vontade por lecionar, pois sempre foi incentivada por seu avô e sua mãe, ambos professores e quem lhes passavam muitas experiências escolares, devido aos muitos anos que lecionaram.
Seu modo de ensinar, durante o tempo que lecionou de 1ª a 4ª série, eram diferentes, seus planejamentos baseavam-se em Planos de Ensino do Município de Salto do Jacuí, os quais já vinham prontos para todas as escolas municipais, mas cada professor utilizava seu método de uma força criativa e construtiva, fazendo com que os alunos aprendessem tudo que lhes fosse útil. Participavam de muitos cursos de formação e eram supervisionadas mensalmente por supervisoras da Secretaria de Educação, os quais a cada visita davam pareceres nos diários dizendo o que estava bom e o que deveria ser mudado. De um certo modo sentiam-se prisioneiras a uma idéia, uma visão de outra pessoa, então, procuravam sempre fazer o melhor para que seu trabalho fosse reconhecido.
Seu esposo, Randal, conta que na época que freqüentou a escola, os professores ensinavam de uma maneira significante, pois todos os professores que teve, durante toda sua trajetória escolar e mesmo que tivessem aprendido de uma maneira tradicional, tentavam de toda forma mudar esses conceitos e a  cada ano que passava, os mesmos estavam melhores, mais atualizados, deixando seus alunos agirem, superando seus medos, inquietações, curiosidades, timidez, proporcionando atividades em grupos, trabalhando para que desenvolvessem suas potencialidades.
Iniciou seu primário aos sete anos, na Escola Municipal Marquês do Paraná onde tinham turmas do 1º ao 5º ano no distrito de Jacuizinho. Seus primeiros professores foram: Zilá Pinto e Jacó, que eram bons professores, um tanto exigentes, pois utilizavam alguns métodos com características tradicionais, como por exemplo, dar um severo castigo, devido o mal comportamento, mas ele lembra que o que os motivava eram os conteúdos que eram interessantes, bem explicados, faziam estudos em muitos livros, liam muito e esforçavam-se ao máximo, pois tinham provas durante o ano, as quais exigiam estudos também em casa.
Mais tarde no 3º ano estudou em uma nova escola, construída mais próximo de sua casa, durante um ano, era um ambiente melhor e a educação vinha de uma forma que sentia-se mais livre, não tinham castigos, a professora era calma e muito querida, onde fazia muitos trabalhos diferentes utilizando vários métodos. Após foi estudar em uma escola Estadual no município de Carazinho, fez a 4ª série e a 5ª série e os professores eram muito criativos e dedicados pois motivavam os alunos com teatros e outras atividades, no tempo vago gostava de participar da Igreja como “coroinha”. E por final, foi para Santo Ângelo, onde fez a 6ª, 7ª e 8ª série, no Colégio Missões, onde as aulas eram noturnas e o currículo era muito variado com aulas de música, francês e muitos outras, a qual tornava-se muito interessante e produtivas, mesmo, sendo alunos que trabalhavam durante o dia e às vezes estavam  cansados, mas como as aulas eram boas, não se desmotivavam.
Seu aprendizado não foi apenas dentro da sala de aula, mas também na convivência que tinha com os colegas, pois, no tempo em que morou em casa estudando nos colégios próximos, além e ir à aula, divertiam-se muito, pois iam brincando livremente no caminho da escola, onde iam a cavalo e às vezes faziam muitas “artes, sacanagens”, mas quando foi morar fora de casa começou a ter muitos compromissos, muitas vezes responsabilidades, foi o que fez resolver voltar para casa, cuidar de seus próprios negócios, seus bens e abandonar os estudos, pois, naquele tempo, uns trinta anos atrás, tudo era mais difícil, não tinha transporte para quem morava no interior e então tinham que morar fora de casa, o que dificultava muito.
Analisando a trajetória escolar de nossos antepassados, notamos que a nossa história que vem ocorrendo não se faz muito diferente, ainda existem, existiram e existirão bons e maus educadores e que ficarão registrados na nossa memória.
Por alguns anos fomos alunas da professora Fátima Jussara R. Fiuza, nossa mãe e que nos proporcionou muito conhecimento e em nenhum momento nos tratou de uma forma diferente que os demais alunos, agia com nós da mesma forma, exigindo muito e não deixando que a decepcionássemos na frente dos outros alunos, tudo tinha que ser perfeito e correto, sem dúvidas, isso para nós era muito produtivo e por essa sua concepção podemos agradecer, pois aprendemos muito com ela, tanto na escola como em casa, notando assim que foi nossa principal incentivadora a seguirmos a mesma profissão – educadoras.
Algum tempo depois fomos fazer juntas o Curso do Magistério, na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Miguel Calmon, no município de Salto do Jacuí, continuando assim a 4ª geração de professores. Hoje podemos analisar calmamente tudo o que nos aconteceu durante nossas trajetórias escolares e que de repente foram subsídios que nos motivaram a optarmos a sermos professoras, acontecendo mais ou menos dessa forma ...
Sou Cristiane Fiuza e as lembranças que mais marcaram minha infância e minha vida escolar, vêm transportadas através dos tempos em memórias que junto à fantasias e aos sonhos se mostram também em realidade, onde fatos fizeram parte da construção de minha vida como aluna.
Essas lembranças são mais evidentes na minha primeira série, onde estudei numa escola pequena, no interior, numa sala de aula multiseriada com colegas humildes.
Foi uma experiência muito interessante e uma convivência que fez com que eu tivesse consciência e fosse aprendendo aos pouquinhos numa forma de socialização.
Mas o grande problema não era esse, era sim amaneira com que eram passados os conteúdos, onde a memorização tomava conta das aulas e os conteúdos eram totalmente distantes da nossa realidade.
A integração entro os alunos era boa, ali não tinha preconceito, todos eram iguais, talvez quem em algumas vezes fazia as diferenças era a professora, muitas vezes rotulando os alunos.
Mas como éramos vizinhos, todos do interior, isso não importava e não atrapalhava os nossos relacionamentos. Acreditávamos nas coisas que faziam parte de nosso cotidiano e sempre no final da aula eu convidava todos para ir até a minha casa para brincar.
Eu era de uma classe mais privilegiada que meus colegas, mas jamais senti-me superior a eles, eu sempre gostei de ter amizades com eles e muitas das experiências que vivi na minha infância ainda faz sentido até hoje, pois talvez essa experiência que fez eu ter um caráter solidário e preocupada com as desigualdades sociais.
Mas tudo isso construído e vivido nos intervalos das aulas e não dentro da sala de aula como deveria ser, pois a professora que me deu aula nesta primeira série é até hoje a mesma pessoa, ou seja, tem a mesma personalidade, acho que não consegue ser sincera nem com ela mesma, quanto mais com quem a rodeia.
Ela era muito atenciosa e boa para mim, vivia preocupada comigo, mas mesmo assim teve falhas, que marcaram a minha vida, uma das falhas, no foi a mais grave, foi que ela não me ensinou a ler as “letras livres” como dizíamos na escola e eu só lia o que ela escrevia e o que eu escrevia e outra falha foi que ela me tratava muito bem, mas esquecia de meus colegas que eram carentes e eu sentia-me mal com isso, pois queria ser igual a eles e até hoje eu não suporto injustiça, não suporto alguém que gosta mais de uma pessoa porque ela é mais favorecida na sociedade do que outras menos favorecidas.
Mesmo que tenha sido um tempo de contradições foi um tempo por outro lado muito bom, cada lembrança, de cada brincadeira, de cada colega, os momentos de aprendizagem e de convivência fora da escola, nos intervalos, trás muitas saudades.
Em relação aos conteúdos, não posso dizer que não aprendi nada, pois, aprendi sim, mas repensando hoje em tudo que aconteceu e na maneira com que a professora deu aula para aquela turminha multiseriada, penso que ela poderia ter estado mais envolvida com a turma trazendo aqueles conteúdos para a nossa realidade, pois como éramos do interior, ela poderia ter aproveitado muito mais a riqueza de meios para tornar as aulas mais atrativas.
Hoje, estou n Curso de Pedagogia e penso que fiz a escolha certa, sempre quis ser uma educadora e desde pequena cada coisa que me motivava, que fazia com que eu tivesse uma idéia distorcida sobre a educação, ou  sobre alguns “educadores”, me dava mais vontade, mais coragem para encarar esse mundo de  conhecimento.
Hoje como professora, atuando em sala de aula penso em fazer um planejamento de construção e com que meus alunos cresçam, não só em relação a saber os conteúdos, mas também, que eles sejam sujeitos na transformação social e na busca de sua participação e inclusão não só na escola mas também na sociedade.
Num contexto de inter-relações e de interação com o meio, é preciso repensar nossos atos, nossos conceitos e criar um novo ideal de educação que envolva o educando em toda sua concepção de educação conforme  sua realidade.
Estou apenas no início do Curso, mas  já pude perceber muitas coisas e fazer minhas próprias reflexões, e com isso ter em mente a vontade de transformar esse contexto que algumas vezes deixa a desejar.
“... o educador é aquele que emerge junto com seus educandos, desse mundo vivido de forma interpessoal. Educar é tornar-se pessoa”. (GADOTTI, 1988, p.50)
relembrando desde o início de minha vida escolar, eu, Adriana R. Fiuza, comecei a perceber fatos que marcaram a minha vida de aluna, ser humano, ... e que vêm de encontro com minha realidade hoje, são pontos de referência para eu fazer uma reflexão sobre a educação, naquele período como aluno e hoje como professora.
Essa trajetória aconteceu assim... fiz seis anos de idade, fui matriculada na 1ª série em uma escola do interior, onde moro desde que nasci, onde uma distância da minha casa e da escola é de uns 200 metros e, foi onde estudei até a 3ª série em uma escola multiseriada, tendo encontrado em minha 1ª série, muitos obstáculos, que me impediram de expor meu potencial, pois já entrei praticamente alfabetizada. A minha primeira professora era alguém sem magistério, apenas com o ensino fundamental, que desmotivava-me fazendo com que eu quisesse ir mais a suas aulas.
Ela não tinha experiência como professora e não sabia dar aula, não era carismática, nem amorosa comigo e com meus colegas e  conseguia fazer com que nós perdesse mais a confiança nela, era totalmente profissional.
Durante esses três anos de escola multiseriada percebe, hoje depois de alguns anos que muitas coisas prejudicaram minha trajetória escolar, pois ficaram lembranças vagas da maior parte de minhas aulas, durante as primeiras séries. Mas, acredito também que todas essas coisas foram situações onde me proporcionaram o meu crescimento intelectual, pois era uma no meio de vários alunos que notava tais erros e tentava resolvê-los, tentando assim mudar certos conceitos, reformulando as idéias.
A partir daí, penso que durante o período que tive professoras fracas e outras ótimas, cada vez mais me interessei, me esforcei e quis buscar o meu crescimento e assim cada vez mais fui me  destacando nos lugares e escolas que passei, as quais foram quatro tipos de escolas diferentes, uma multiseriada, municipal e no interior e duas estaduais. Uma dessas escolas era totalmente fechada com muros e grades, muito rígida e eu não gostava. A outra era mais aberta, os alunos tinham mais liberdade, não havia aquela separação de professores para um lado e alunos para outro, foi nesta que concluí meu Curso do Magistério e que me destaquei em muitos sentidos, principalmente com meus trabalhos artísticos, de artes visuais, pois sempre tive esse dom mas faltava ser aguçado  e foi também com esse curso que perdi a timidez e me senti totalmente a vontade... e até hoje todas as professoras lembram-se de mim, de meus trabalhos que ainda estão expostos na escola.
Por tanto motivos estou cada vez mais contente com minha profissão, pois quando comecei meu ensino médio, com 14 anos, não tinha muita vontade de fazer magistério mas como fui bastante incentivada, fui em frente, adorei e hoje quando iniciei a faculdade de Pedagogia com 18 anos, confesso que no início tive um pouco de medo de talvez não gostar, de não ser o que eu queria, mas no decorrer da mesma estou gostando e relacionando cada assunto, cada disciplina, cada atividade com minha vida, com meus estudos e principalmente com meu trabalho.
“É possível aprender escutando aulas, tomando nota, mas aprende-se de verdade quando se parte para a elaboração própria, motivando o surgimento do pesquisador, que aprende construindo.”(FRANCHI)
Mesmo sendo no início da mesma, já consigo associar as coisas que aprendemos e experiências que nos são passadas para meu ambiente de trabalho, com minha família, meus colegas e hoje posso dizer com certeza que as escolas, os métodos de ensino, as entidades, os docentes e os discentes, estão cada vez mais preocupados em mudanças no contexto escolar proporcionando crescimento intelectual na sociedade e na prática social e o que for passado sirva para a vida e não se deixem levar por meros conceitos, de certos educadores. Mas, também não podemos esquecer que ainda existem educadores, instituições de ensino tradicionais e se queremos CRESCER e ver o crescimento, depende exclusivamente de nós, pois temos toda a capacidade e potencial para reverter este quadro e também dos alunos, pois se desenvolvidos com uma concepção crítica das coisas, estarão conscientizados e tentarão mudar o que está errado e o que está lhes prejudicando e, com certeza poderemos de repente, ver daqui algum tempo a educação de outra forma com “outra cara”.
Por gerações perpassaram os ideais de uma d que aos poucos foi mudando, mas não se  pode esquecer que, os fundamentos educacionais passaram, mudaram, mas o amor pelo ato de ensinar, continuou por várias décadas.
Primeiro foi o professor Capitulino, depois com sua filha Terezinha e anos mais tarde com sua neta Fátima, a qual fez do ato de ensinar uma virtude e uma realidade, preocupando-se com a educação de seus pequenos. Também pode-se dizer que preocupou-se com a educação de suas filhas, as quais educou em casa e na escola ensinando a ler, escrever, fazer contas e entender a realidade do mundo em que a  individualidade se torna evidenciada, foi capaz de mostrar o caminho certo e ensinar não só ler e a escrever mas ensinar a encarar a realidade do mundo com amor, honestidade, humildade e com muita garra e coragem.
Junto com seu esposo Randal, fez com que houvesse a busca de um futuro digno e pensando sempre em se realizar profissionalmente sem nunca passar por cima das pessoas para conseguir isso, formando assim duas personalidades diferentes em certos aspectos individuais, mas com os mesmos princípios.
Então, em homenagem a estas duas pessoas, fica aqui registrado nesta história de vida, de educação e instrução uma mensagem.

“Deus sabe o que faz, e uniu assim duas pessoas que se preocuparam com o futuro,
de suas filhas e com o futuro de muitas outras crianças...
Construíram alicerces de uma casa, de uma família, de uma escola,
e buscaram na humildade e na dignidade incentivar e educar, para a realidade, voltada
para a construção de uma família que se une para lutar, para trabalhar, sorrir e chorar,
e para acima de tudo, preocupar-se em movimentos sociais e também com a educação.
Pessoas que tem em seus ideais, os valores, os pensamentos das pessoas,
o caráter, a vontade de ajudar o próximo
sem se preocupar em só obter lucro, mas em distribuir caminho,
atenção e uma mão amiga a quem precisar.
Assim, com muito orgulho, agradecemos toda essa força,
garra, coragem, capacidade e caráter que nos serve de exemplo,
e nos faz seguir nesse caminho que nos dá muito orgulho e felicidade.
Não poderíamos nesse momento, deixar de agradecer a vocês
por tudo que fizeram e ainda fazem por nós.

Revendo todo esse processo de educação, que por muitos e muitos anos vêm ocorrendo, com nós e nossas famílias, percebemos que hoje muitos professores querem mudanças, mas alguns ainda não conseguem abandonar conceitos e atitudes tradicionais, pois foram educadas dessa forma e às vezes, por falta de formação, de uma busca maior, confundem-se em meio a tantos conceitos. Mas o que nos deixa realmente realizada é ver que a cada dia está aumentando mais o número de pessoas procurando atualizar-se buscando uma formação não somente para o trabalho, mas para uma consciência crítica, criativa e politizada, aprimorando-se a novas formas e dimensões, novas ideologias, através de uma dialética perfeita sobre o processo educativo.
Fazendo um paralelo sobre a educação de ontem e hoje, percebemos que aquela educação vivida lá nas turminhas multiseriadas se mostra numa perspectiva tradicional, em volta em processos de memorização, com o objetivo de formar o aluno desvinculando da realidade concreta, onde o professor via no seu aluno um modelo idealizado não tendo ele nada a ver com a vida presente e futura, com matérias isoladas e desvinculadas da realidade.
O que observamos, com tudo isso, é que não é só o tempo, os anos, que já se passaram, que podemos definir uma educação relacionada, com os dias de hoje, fazendo comparações, analisando cada processo, pontos positivos e negativos, que podemos compreender o desenvolvimento dos personagens da mesma, pois tudo é muito relativo e individual de cada pessoa, cada um sabe qual o estilo de prática a seguir mesmo sabendo qual a melhor ou pior.
 Educar e sorrir
sorrir para a vida
para a realização de um
futuro com amor e fé.
Décadas se passaram,
décadas e quatro gerações,
gerações que se refletem
no que hoje é visto assim:

Educar sem pensar em desistir
Décadas de ensino
Uma só família, cinco educadores
Cada um com seu modo de ensinar

Assim se fez a história Uma

       canção, numa só

      Sensação, numa Memória, retratada no

    Contexto escolar, em aspectos que

Fizeram a educação de uma
Comunidade aos poucos se transformar.

Assim se fez a história de uma educação que fortaleceu,
pela vontade de uma família que em meio a contradição, soube encarar um
contexto escolar, modificando os métodos de ensinar e ensinando conforme a realidade do lugar.